“Superação é ter a humildade de aprender com o passado, ser inconformado com o presente e desafiar o futuro.” – Bernardinho – ex-técnico da Seleção Brasileira Masculina de Voleibol.
Brasil ─ palco de diversidades culturais e de diferentes estilos de gestão que se complementam, costurando tecidos de variadas texturas, tramas e cores. Algumas culturas empresariais cultuam a segurança; outras, a pressão por resultados financeiros; outras ainda, o planejamento; outras, ainda e também, primam pelo cuidado para com a saúde integral de seus colaboradores. Com essa multiplicidade de focos e prioridades temos, certamente, cenários propícios às experimentações, verdadeiros laboratórios de formação de comunidades de aprendizagem. Podemos constatar que, mundialmente, os CEOs estão apostando em Inovação e no Capital Humano para criar novas oportunidades no atual ambiente de negócios, de acordo com a publicação da 20th Annual Global CEO Survey – 2017, pela PwC (Figura 1).
Com a mesma garra e obstinação de Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, considerado, como treinador, um dos maiores campeões do voleibol brasileiro, hoje, um belo exemplo de liderança inspiradora é Adenor Leonardo Bachi, mais conhecido como Tite, treinador da Seleção Brasileira de Futebol que, praticamente com a mesma equipe, vem construindo uma campanha histórica e inédita nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, que acontecerá na Rússia, tendo obtido, até o momento, a maior pontuação da história, além de fazer que a nossa seleção fosse a primeira a se classificar. O que podemos aprender com “o estilo Bernardinho” ou “o estilo Tite” de liderar?
Nosso ambiente empresarial, cada vez mais globalizado, conectado, volátil e complexo, demanda agilidade, avanços tecnológicos, inovação e precisão, além da busca crescente por saúde e bem-estar, como podemos observar na Figura 2, que mostra, justamente, que as habilidades mais difíceis de se encontrar são aquelas não desempenhadas por máquinas.
E nesse contexto, é cada vez mais complexa e imprescindível a análise de dados de mercado e o acesso a indicadores consistentes ─ instrumentos fundamentais para a tomada de decisão estratégica em Recursos Humanos ─, que transcendam aos simples e usuais mecanismos de controles.
Em nossas Pesquisas ─ como já mencionamos em publicações anteriores ─, nos últimos dezesseis anos pudemos observar que o tema Desenvolvimento de Liderança sempre esteve entre os cinco Desafios Críticos, o que evidencia a necessidade permanente de investimentos na preparação de líderes que valorizem a construção de organizações autossustentadas, que façam uma gestão consciente dos recursos naturais e humanos, que tenham ética ambiental e social: contabilidade social e direitos humanos genuínos.
Há, ainda hoje, dificuldades básicas na preparação de gestores capazes de entender o real valor da aprendizagem, do retorno sobre o investimento no desenvolvimento humano, e com habilidade para mensurar, avaliar, correlacionar as variáveis que causam impacto nos resultados dos negócios, por meio do trabalho. É preciso que os executivos compreendam as conquistas humanas em toda a sua extensão: além dos ganhos materiais e financeiros, os ganhos de valor social, motivacional, de imagem institucional; e entendam, portanto, lucratividade como consequência.
Buscar o “estado da arte” em aprender e ensinar ─ impulsionando a transformação das organizações em núcleos de aprendizagem coletiva e de melhoria dos resultados financeiros e sociais, com progressões geométricas de produtividade jamais vistas ─ significa redução de desperdício, de perda de tempo, de perda de recursos materiais, de retrabalho, ou seja, perda de alegria, perda de vida!
Somente organismos sociais que aprendem cotidianamente, que mudam seus modos, suas práticas, seus processos para melhor atender e melhor servir, poderão continuar, com saúde e alegria, no mundo dos negócios. Organizações que aprendem têm em si mesmas a semente da vida, da transformação, o significado de contribuição, uma espécie de “certificação de valor” perante a humanidade. É preciso mudar o foco: de geração de empregos para geração de trabalhos de valor, com significado – preservação da natureza, do engrandecimento da alma, do espírito, do intelecto, da solidariedade, do voluntariado etc. –, e direcioná-lo, cada vez mais, para a ética e o bem comum.
Para tanto, precisamos, urgentemente, formar e desenvolver líderes que sejam competentes na gestão de si mesmos e assim, tão somente assim, possam canalizar a força criadora dos indivíduos e equipes. Em outras palavras, líderes mobilizados para a cura do medo e insegurança nas relações, e preparados para criar uma nova arquitetura de vida e trabalho.
Rugenia Pomi
CEO Sextante Brasil